quarta-feira, 14 de abril de 2010

Vamos para a praia?

Vamos pois, agora mesmo! Com um calor destes a apimentar-me o sangue não quero estar no meio da cidade com o cheiro a gasolina a queimar-me as narinas. Quero areia, mar, sol e quero-te a ti. Vamos para a praia, só nós dois para que eu possa admirar sozinha a beleza do teu corpo sem ninguém interferir e para que eu possa esculpir na tua cara o olhar que me deitas entretanto. Não temos carta, nem carro, apenas bolsos vazios, mas temo-nos um ao outro e um papel de publicidade barata que eu vou usar para fazer um aviãozinho que nos vai levar até ao desejo mais profundo que nos sufoca. Um aviãozinho de papel que nos vai levar até à praia quente onde nem o cheiro do mar eu vou sentir porque o teu não vai deixar e onde nem a minha mão vai tocar a areia porque a tua pele me impedirá, mas não faz mal, de que me interessava a praia sem ti? Nada, entre nós a praia era apenas mais um cenário no meio de outros tantos nos quais já contracenamos. Espero que esta peça tenha um final mais feliz que as outras. :)

sábado, 10 de abril de 2010

Já alguma vez morreste? Já alguma vez te sentiste morto? Morto pelo tempo. O tempo em que ficas à espera que algo de especial aconteça na tua vida e que faça com que as cinzas dela se tornem carvão e ardam numa chama jovem da qual apenas podes esperar que nunca se apague. Uma chama que arde conforme lhe apetece e que se apaga ao seu próprio ritmo, não há água que lhe chegue.
Já alguma vez partiste alguma coisa? Eu já. Não foi uma perna, nem um braço, nenhum osso, foi algo mole, muito mole mesmo...tão mole que qualquer um pode chegar e apertar à sua vontade como uma bola anti-stress até que me doa, mas não foi qualquer um. Apesar de mole, parte-se como um copo de vidro, do qual para mim sobra sempre apenas um caco, um caco pesado que penduro ao pescoço todos os dias e suporto sem me queixar. Um caco que me corta o peito de todas as vezes que tropeço e caio. Um caco a partir do qual tenho que construir um novo copo sem ajuda de ninguém, não por falta dela, apenas a dispenso porque sei que não ia valer de nada o esforço dos outros quando o único esforço em causa tem que ser o meu. E o copo há-de crescer com a referida chama e há-de solidificar esperando nunca mais voltar a partir.

sexta-feira, 2 de abril de 2010


29 de Janeiro de 2010

Brilho

Passo as noites deste meu Inverno em claro, a ouvir a chuva. Cada gota que oiço cair nas telhas alaranjadas sob o meu quarto me faz lembrar um gesto teu, e, não sei como nem porquê, a cada vez que chove torrencialmente tento imaginar todos os gestos que ficaram por te roubar em cada gota que cai, mas nem essas gotas chegam. São apenas gotas. Gotas que acabaram por desaparecer ao primeiro raio de sol que viste brilhar. Raio esse que não brilhava no meu céu apagado pelas estrelas de uma eterna noite gélida que ainda brilham à espera que dias de Verão viessem e acabassem com a minha era glaciar, pois já percebi que grande era o brilho do raio que apanhaste e pequeno era o brilho da minha noite que nunca conseguiu iluminar-te o coração.

Pedras

Pedras no caminho?

- Guardo-as. Para um dia vou construir o meu castelo e ser a princesa do príncipe que eu quiser.

-Guardo-as. Um dia com elas vou construir o muro que me vai proteger de quem me faz mal.

-Guardo-as. Nunca se sabe quem poderá precisar de levar com uma na testa não é?


E pedras no sapato?

Essas hei-de sempre ter, por mais que os tire e tente limpá-los sobra sempre uma pequena pedra, nunca nada estará como devia estar.