quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Meio cheio

Quieto no ninho,
Tomando banhos de lua,
Sopras o carinho
De uma mão que é tua.

Suspiras o ar gélido
Que te trespassa,
Cantas-me baixinho ventos quentes.
Rainha dos amores ausentes,
Nada mais há que eu faça.

Dor de um vazio
Agora cheio
De um vazio prometido
Que ainda nem vai a meio.

sábado, 6 de novembro de 2010

Não sei que raio caiu do céu naquele momento, não sei onde bateste com a cabeça, se doeu, se mudaste, pensaste ou cresceste de um momento para o outro. Mas chegaste, mal te seguravas em pé (a viagem deve ter sido longa), caíste, arranhaste o peito, estripaste o coração, cuspiste lá para dentro e disseste de uma vez por todas: Eu amo-te.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Canção segredo- Manel Cruz

"Eu queria ser
alguém melhor
e ter assim razões
para crer
que o nosso amor
te importa
e me vais abrigar
sem em teu coração
começar a chover
calando assim
a voz que me diz

Nada mais o amor te deve
Mas é o coração que o escreve
Não queria temer pelo pior
nem pelo que o futuro pode ou não
vir a trazer (...)"

diz tudo.

domingo, 24 de outubro de 2010


Tem piada quando nos vêm parar cenas deste género ao prato

Às vezes há partes da nossa vida que simplesmente se cortam. Não porque pedimos ou porque quisemos, simplesmente acontece e não há mais nada a fazer. Somos obrigados a ceder à vontade do outro inquestionavelmente.
Há partes grandes e partes pequenas, outras que quando cortadas passam a insignificantes, tudo depende das circunstâncias, do que se diz, do olhar que te mandam, do que te fizeram (a ti e aos que amas) e daquilo que calam ou das contas que ficam por ajustar.
Há partes que se deixam arrastar pela rotina e acabam por se perder no caminho, outras que se arrastam na rotina porque nos fazem felizes e queremos mantê-las para todo o sempre, mas as coisas mudam como nas teorias científicas, lenta e gradualmente e nem sempre damos conta disso. Num dia o tempo pode estar solarengo, no dia seguinte já estão a chover facas no escuro e pensamos "o que devia ter eu dito mais para isto não estar assim agora?"- nada, poderia ser pior. E então fica a bruxa a rir-se e a Alice perdida no País das Maravilhas outra vez, solta pelo destino dentro. E é ele que assume o comando agora, lentamente como sempre...até a bomba relógio se lembrar de rebentar e a tua lãmpada finalmente acender. E agora?

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Sabes lá tu em que eu toquei,
Sabes lá tu o que eu sofri,
Sabes lá tu o que eu chorei.
Sabes lá tu o que eu senti,
Sabes lá tu o quanto me ri.
Sabes lá tu porque já nem eu sei.

domingo, 10 de outubro de 2010

Perdida

Não sei de todo
O que me põe mais doente,
Se o coração no lodo
Ou a amiga que mente.

Continuo em tom de passeio,
Vejo a estrada correr pelos olhos
Consciente do que me é alheio
Prevendo sofrimento aos molhos.

Cambaleando em busca de um porto,
Perdida à deriva,
Passeando uma alma pouco viva
Num corpo já morto.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Estou tão cansada, tão farta e tão zangada, zangada comigo mesma. Podes fazer as piores coisas do mundo contra mim, tirar tudo o que tenho de bom e me mantém viva, dizeres o que quiseres, que eu vou continuar a adorar-te, a pôr-te num pedestal que por muito baixo que seja há-de ser sempre alto demais para ti e odiar-me a mim própria cada vez mais e mais...
Sou como um carro com as rodas tortas que só anda em marcha atrás, preciso sempre que me ponham direita, me indiquem o caminho (nem que eu não dê ouvidos) e me esperem na meta.
Acho que o meu problema é excesso de imaginação e indecisão- sou capaz de ver todos caminhos possíveis a seguir sem saber qual escolher com medo do fim da estrada, por isso, sinto-me sempre necessidade de ter quem me ature.
Sou estranha a mim mesma, a minha personalidade muda consoante tenha uma borbulha na testa ou não, alguém a chatiar, a melhor companhia ou a pior de todas, a auto-estima a 0 ou a 100, a puta da mania em alta ou não, posso até ser o clone que sempre quiseste, mas não por influência.
Às vezes nem sei do que gosto ou desgosto, mas consigo perceber que existem milhentas coisas que eu gostaria mudar na minha vida e em tudo aquilo que faço. Gostava de ser fria, deixar de sofrer (não só por antecipação como dizem que faço) e de não errar ou ir na conversa do lobo mau pois sei que mais tarde ela se resume a uma enorme vontade de desaparecer para sempre. Sou capaz de filtrar tudo o que digo e tudo o que oiço para não cair em tal desgraça.
Tenho uma visão distorcida do mundo, e sou capaz até de o ver aos corações e isso ensinou-me a caminhar de pé atrás e a olhar para todos os lados, todos os dias, com toda a gente.
Estou cansada de não haver mais nada a fazer em relação a mim e feliz por ter comigo os que tenho.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Às vezes penso como o Gandhi- somos apenas pedras que cá vieram parar sem saber como nem porquê, bem como tudo aquilo que inventamos.
O que aqui fazemos não pode ser nem considerado pequeno pois não passa de insignificante. E é verdade- tudo o que fazemos é pequeno demais para estar à vista das estrelas, já elas são grandes, grandes demais para os nossos olhos e gigantes á nossa capacidade de compreensão.
Queremos conhecer tudo o que não está ao nosso alcance e de maior que há, sem descobrir antes quais são essas pequenas coisas que nos tiram o sono quando ele nos faz falta.
Deixemos então tudo na medida certa. Se somos seres pequenos, preocupemo-nos então com as nossas pequenas grandes coisas...estas manias dos humanos dão cabo de mim! Mas quem se acha mais feliz por saber todos os algarismos do pi ou por conhecer toooodos os elementos da tabela periódica? Ninguém, espero eu...a felicidade diferencia-se das mais pequenas coisas que vêm de dentro e que tantas vezes não compreendemos e colamos nas estrelas á espera que caiam.
Somos pequenos demais para este mundo e grandes demais para uma só vida.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa
A abstinência da dor
Pode doer demais,
Melhor é aceitá-la,
E dar felicidades rivais.
Tantos pensamentos perdidos
Cravados em poemas já lidos.
Dias sem cor,
Cantados em tristes fados
De amores calados
E outros que tais.
E para quem vê e não sente,
Que leia e chore,
E lhe aqueça o coração uma compaixão inocente.

Célia Miranda

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Hoje, enquanto estava sentada à porta de casa da minha avó e pensava nos acontecimentos que têm cruzado o meu caminho ultimamente, passou por mim um homem. Um homem que eu já conhecia de vista- sempre sentado na esplanada com a sua cervejinha e o jornal à frente, já com os seus 50 e muitos anos em cima, ar de ucraniano e olhar vidrado sem alma, sempre sozinho, não pensei nem que falasse português. Porém falava. Enquanto a minha cabeça se debatia com o verdadeiro motivo da minha indisposição, reflectida na minha cara (pelos vistos), os pés destes homem passaram por mim e, a um metro de altura, ouvi alguém dizer " 'tás triste porque o amor não assiste". Não passava mais ninguém na rua, só podia ser ele... ele abrandou o passo e disse "né?" (não notei qualquer tipo de sotaque nem cheiro a álcool, embora a sua aparência e o seu andar relatassem um leve estado de embriaguês que a muita gente da cidade já parecia habitual), apenas acenei com a cabeça inconscientemente, pensando para mim própria "só me faltava mais esta!".
Imediatamente olhei para o meu reflexo no vidro da porta do prédio: será que eu tinha mesmo cara de mal amada? Não notei nada...mas a minha reacção fez-me perceber que talvez fosse isso, pelo menos na sua grande parte, e que talvez a minha cabeça não fosse assim tão grande para caberem mais do que pessoas e sentimentos.
Senhor, não o conheço, mas desde já um pequeno obrigada, a sua frase não me sairá da cabeça assim tão facilmente.

terça-feira, 31 de agosto de 2010


(Marylin Monroe)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Benvindo à minha casa,
Ao meu doce lar,
Não é de grandes luxos
Mas é um bom sítio para ficar.
Também não é grande,
Cabe na palma da mão.
Quem lá entra dificilmente sai,
Bem tenta,
E quando consegue, cai.
Tem uma porta circular,
Não entram cá bestas quadradas,
Apenas pessoas dignas de boas gargalhadas.
Sabem do que estou a falar?
Pois então:
Benvindos ao meu lar,
Doce lar.
É sempre em frente,
Está lá toda a gente.
Sítio eterno,
Terno.
Não seria tão bom termos o que queremos com um simples estalar de dedos?
Pois eu podia estalá-los vezes sem conta até eles me saltarem que nada mudava, apenas um estalido seco no meio do nada.
A vida é dura e por vezes dá vontade de voltar a ser criança, a ter medo da noite mas contando as estrelas, desconhecendo o que são, a chamar pelos heróis que se perdem com o tamanho e tendo como única preocupação o penteado e a roupa da boneca nova.
Por agora, que sabemos as estrelas como enormes aglomerados de hidrogénio e hélio, resta-nos deixar viver a criança que há em nós. A criança que aponta para o céu aos pulos deixando as estrelas sem jeito, bombardeando-as de desejos mas pedindo a realidade dos sonhos mais do que nunca.
Sei que não sou nenhuma estrela, mas podia estalar os dedos e contar todas as estrelas do universo para te ver feliz, as vezes que quisesses. Pôr ao critério de cada uma um desejo teu, escrever nos céus a tua história, a nossa história.

Tudo se vai resolver, não piora

domingo, 11 de julho de 2010

Hoje, não sei porquê, mas apeteceu-me escrever, talvez fosse só para interromper o estudo que me deixa a cabeça em sangue, já nada entra, tudo sai, até os olhos que já pesam. Mas não tanto como a agitação das últimas noites mal dormidas, às voltas na cama na tentativa de te fazer parar de abraçar o meu subconsciente.
Queria desenhar, desenhar em cima da minha cama os sonhos das noites passadas escritos nos lençóis a insanidade e suor do calor que tem feito por aqui, sublinhados a medo e acesos pela tristeza da irrealidade. Mas não posso- os vulcões, as mitocôndrias e os retículos malditos não deixam.
Queria definir o significado das minhas noites, queria poder explicar e queria que me explicassem. Pseudo-presa ou pseudo-pseudo dizem alguns...amizade forte, amor com uma falha (mas qual falha? QUAAAAAAAAAAAL?) - já não não existe sanidade mental neste mundo valha-me Deus! Por isso é que há dois tipos de insanidade, a que se aceita e a que não se aceita, ninguém se salva. A melhor ainda é quando temos as veias entupidas de álcool e o juízo lá afogado bem como o que este arrasta numa sopa, assim a gente está contente mesmo com merda a pairar por cima.
A minha cabeça grita pela fuga em silêncio mas tento não ouvir simplesmente porque tem que ser. Sei que me espera mais uma semana de sufoco eclipsada no quarto alimentada a livros, bem como tu, mas espero que tudo se componha.
Tenho uma vida pela frente condenada em meia dúzia de dias. Ponham portas redondas em casa, estamos rodeados de bestas quadradas. Merda de vida, merda do amor, merda de país.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

(A menina que queria ser fada e nasceu sem asas)

Desengraveceu

Tranca os olhos e vive no escuro
Fecha as portas da sua mente,
Vive a tristeza que salta o seu muro
E olha em volta para toda a gente.

Lá vem ela
De copo na mão
Diz que a vida é bela
E que é parte da imperfeição.
Bebe um gole e sente o efeito,
Passado um bocado já vê o mundo perfeito.

Embrenha-se em si
Agarrada a metade,
Já vê a fada verde.
Encosta-se à parede
E só cospe verdade.

Cai trémula,
Agarrada ao maço,
A amiga está fula
Mas dá-lhe um abraço.

Ela está bem,
Só precisa de uma mão,
Foi a fervura do absinto
Que lhe deixou pesado o coração.

Chegou uma fada e disse

Diz-me quantas vezes dormiste de janela aberta. Diz-me quantas horas passaste a olhar para o tecto. Diz-me quantas noites passaste a falar comigo. Diz-me quantas noites não dormiste simplesmente a pensar que o fazias. Diz-me quantas vezes pensaste em mim. Diz-me quantas palavras já me atiraste aos ouvidos envoltas de riso. Diz-me quantos sorrisos já disparamos perante os nossos olhos. Agora soma tudo, multiplica pelo número de vezes que o teu coração bate por dia e imagina o que poderia dizer-te agora.
Diz-me que não foges, que não sumes sem rasto visível. Diz-me que o mundo não é assim tão grande como dizem, tão grande para ridicularizar os nossos seres e o pedacinho de alma que os une. Diz-me que te vou ver sempre como no hábito que o nosso dia-a-dia veste. Diz-me que também não consegues viver à base de fotografias e frases feitas. Diz-me tudo. Conta-me as estrelas, o que elas te disseram, o que te fizeram, lembra-te do que disse, do que sou e do que és. Diz-me tudo- o que quero e o que não quero. Diz-me o que ainda espero ouvir. Diz-me o que noutra vida ainda vou continuar à espera de ouvir. Chuta-me palavras de um beijo húmido que me troca as órbitas. Cospe indiferença que eu grito. Espera que eu também esperei. Diz-me, diz-me...que um dia eu também te digo como me consegues pôr. Um dia digo-te que és a única pessoa que me põe a chorar em menos de 10 segundos e a rir em menos de um. Um dia digo-te porque é que te chateio e explico-te porque te consigo deixar chatiado mesmo com a tua paciência inquebrável.
Brinquemos. Diz-me outra vez que é impossível não se gostar de mim. Repete as tuas frases marcantes que me embalam à noite. Repete as trajectórias da tua luta de língua até que ela caia e até que os olhos saltem. Manda-me as tuas flechas de plástico, fada-me, inspira-me, mas diz-me que o mundo não acaba hoje e que estás aqui amigo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Gosto de ti.
Gosto dos teus longos beijos de boca cheia que me tiram o pouco ar que me resta quando estou à tua beira. Gosto dos pequenos e grandes abraços que me dás. Gosto que me faças rir até chorar mas não gosto que me faças chorar até conseguir voltar a rir. Gosto que me puxes e apertes o meu corpo contra o teu para que volte a senti-lo sem me fartar. Gosto de cheirar o teu pescoço e gostava de me lembrar melhor das vezes em que o fiz. Gosto que me roubes o ar com abuso até eu cair redonda no chão mas não gosto que me deixes morrer e sei que não o queres mesmo que o negues em tom de brincadeira.
Fazes-me querer rasgar o céu com um sorriso, apagar a Lua e apanhar estrelas à palmada lendo o que lá escreveste.
Não seques, mantem-me por perto, lembra-te que só irei se me deixares ir.
"Um dia apago todas as luzes do mundo para o meu coração te iluminar o caminho."

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Queria acordar a voar sem bater com a cabeça no tecto como de costume.
Acordar leve num quarto todo branco e solarengo, bem no meio da cordilheira de lençóis da grande cama, só com a nossa pele vestida e o nosso pequeno-almoço na cama: tenros lábios, suculentos beijos, tostas com compota de amor e um copo de mimos logo pela manhã. Com o sol a torrar-me a cara e o vento a cantar para as árvores lá fora.
Queria adormecer tua e acordar ao teu lado a saber que és meu não só em sonhos de lua cheia.
Quero dormir com o teu ouvido no meu peito a ouvi-lo palpitar para ti até quando durmo, ou simplesmente ficar acordada só para te ver dormir e lutar noite dentro contra o impulso de te acordar com beijos.
Não quero uma argola de metal no dedo nem o teu nome num papel, só o teu cheiro, o teu toque ou o teu silêncio que me põe o coração a cantar bem alto de felicidade.
Quero acordar inteira e não a metade que sou quando estás longe ou a metade que fui antes de te conhecer. Quero-te menos do que já quis e mais do que o tempo deixa.

Sexo?

Chega de treta
E de coisas sem nexo,
A vida não és tu
E não passa de sexo.

Chegou a cura:
Um elfo esfomeado,
Eu de lingerie escura
E ele de boxer molhado.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Embrenha-se nos sonhos
Mergulhada na soturnidade
De uma impiedosa realidade
E pela claridade cismo.
E chora, chora, chora,
Bela desgraça evoca,
Causadora de bulício
Lembrar tamanho sacrifício
E a semelhante hora.

Ninguém é de ferro
E a um passo do abismo
Cada um segue seu erro.

De pensamentos lavados
E corações acelerados,
Não chegam passos lentos
Para trespassar tais tormentos.

E já de braços caídos,
Entre soluços e gemidos,
Espera errante
Pelo elfo dourado e o cavaleiro andante.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sentido da vida

Qual o sentido da vida? Deve ser esta uma das perguntas que mais deixa o ser humano de mente atada. Somos seres como os outros: nascemos, comemos, mijamos, cagamos, procriamos, voltamos a comer, a mijar e a cagar vezes sem conta, e morremos. Seria então uma breve história de vida tal como a de uma raposa no meio do mato, mas não o é, porque somos anormais, porque pensamos demais. Talvez seja esse mesmo o mal dos humanos, pensar, sentir e sobretudo pensar que o outro não pensa, até o da mesma espécie. Enquanto que o sentido de vida da maior parte dos animais é sobreviver (tentar não morrer), o nosso é viver, aproveitar, sem pensar na hora do fim e assim pegamos em tudo o que nos rodeia e inventamos. Mas saberemos nós o que é verdadeiro, real? O que é o mundo ou o que é viver? Não me parece...comecemos por pensar que nos dizem que as cores que vemos são luzes ordenadas, que tudo aquilo em que tocamos é feito de formigas que não vemos, todas elas coladas umas às outras, que aquilo que vemos pode ser imaginação, que os animais vêm a preto e branco...então aquilo em que tocamos pode ser o quê? Nada? Pode. Podemos tocar num telemóvel a pensar que o é (porque assim o inventamos) e não passar de um excremento mas com luzes bonitas reflectidas e por isso lhe chamamos de telemóvel.
Ri-te ri-te...se estivesses em ciências por engano aprendias estas físicas todas até vomitares de farto! Chegamos então à conclusão de que o ser humano é uma boa besta que para se esquecer daquilo a que chama realidade sem saber se o é, iventa sentimentos, dores de peito e de cabeça, nos quais há um "Rei"-o amor, que quando desencontrado da rainha tira a vontade de efectuar necessidades fisiológicas às mentes mais frágeis ou saturadas de tais passeios apenas pelo prazer de dizer "Tenho mais em que pensar!", e aí começa uma lenta auto-destruição. Procriamos para não procriar, só pelo prazer de o fazer sem o fazer (capiche? xD) e somos os únicos animais a fazê-lo e ainda o afirmamos como pecado.
Somos desgraçados para nós próprios- podia dizê-lo em mais de 100 exemplos e esgotar o stock de letras de todos os idiomas mas eu sei que qualquer pessoa que pense nisto uma semana seguida apenas quer suicidar-se e reencarnar num cão :)
Constatamos que a Terra não gira à volta do Sol, mas sim de dinheiro (um papel e uns círculos redondos de metal que desejava nunca saber o que eram...) e de amor que se vai sendo extinto pelo tempo que o guito ocupa. Podiamos ser como as tartarugas a viver perto de 300 anos se conseguissemos desligar o cérebro e descansar por um bocado, mas não conseguimos. A nossa vida corre atrás do destino envolta em desgraça que nem uma louca...mas sabem que mais? Qual era a piada se não fosse assim?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

M de magro, M de meu, M- melhor criação da Mc Donald's, M de melhor :)


Não sei se foi há quase 17 anos que houve algum ataque terrorista ou alguma revolução (a nível mundial), mas pelo menos na cama dos nossos pais houve! E ainda bem, porque assim demos continuidade a mais uma geração de amizade que as nossas mães começaram.
Posso não me lembrar de mim ao espelho em bebé, mas de ti lembro-me porque eras o espelho da companhia da minha alma até quando brincavamos às bonecas com umas cinco primaveras contadas.
Os anos passaram e nunca perdemos um único tijolo dos que usamos para construir a base de uma amizade sólida, apesar de alguém ter tentado parti-los ao pontapé.
Não sei se te ajudei quando mais precisaste, mas gostava que soubesses que fui uma das que ajudou a lançar a rede que te apanhou da fossa bem no meio das planícies abissais dos teus olhinhos de mar amiga, e não me afoguei! Só para que hoje nadassemos juntas.
E que ninguém diga que posso viver longe de ti porque tu podes ser a gata do bairro que nos ofusca com o seu brilho, mas quem te tem a ti como amiga, não precisa de mais nada nesta vida para ser minimamente feliz :)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Chupa cadáveres

És as chupa cadáveres, não sei se já nasceste assim. Mexes as orelhas sem ouvires nada. És a pastora que só quer controlar as ovelhas. És o vómito no chão, um punhal no coração. És uma espinha no pescoço e o teu pior almoço. És a merda do esgoto e um pêlo no meu escroto. Nunca tive nenhum mas se tivesse até sem ele tinha ficado. Dei-te tudo e retribuiste-me com solidão bem no meio do teu território de pastagem. Felizmente pulei a cerca já faz uns anos para descobrir o que é viver longe da erva que secavas à tua passagem, erva que agora fumo em tua memória, obrigada.
Foste a minha melhor professora de ensino básico. E sabes o que é básico? A amizade, talvez a que nunca me deste e ainda fizeste questão de tirar...não! Aquela que me fizeste procurar depois de perder a tua e a das tuas réplicas que arrastaste contigo pelos cabelos até aos confins da desgraça. Desgraça de onde só saíram depois do resgate que me cobraste e que quase levou vidas atreladas.
Querias flores e mel, mas apenas levaste de volta o veneno e as picadas de abelha, cascavel!

terça-feira, 11 de maio de 2010


És o pássaro verde que gosta de me cantar ao ouvido todas as noites quentes até o sol rasgar as nossas pressianas ao de leve. Não me perguntes se cantas bem ou mal porque até o teu silêncio entoa bem no meu crânio, gosto de o ouvir e de to retribuir.
Acho incrível como conseguimos dizer tudo sem um único suspiro sequer e pôr tudo a pratos limpos sem termos o trabalho de os limpar.
Acho piada à loucura da simplicidade com que encaramos as coisas e a forma como elas são brutalmente complicadas. Acho piada à sintonia e à corda que nunca rebenta por muito que a estiquemos com e sem ajuda. Mas não gosto do frio. Cantas menos nessa época, a voz falha-te e a primavera perde a cor, até tu perdes os teus tons de verde arrancando-me a esperança e rasgando-a como um panfleto de pizzas baratas que deixam na tua caixa de correio todo o santo dia.
Sei que sou das poucas pessoas que te consegue fazer mudar de cor, não com aguarelas, acrílicos ou guaches que uso para pintar a minha cabeça, mas com as minhas palavras e actos que te põem a atravessar o espectro à miníma lâmpada que se acende sob a tua mente. Mas podes mudar de cor as vezes que quiseres, podes ficar transparente (de uma vez por todas) que não vais nunca ficar invisível, pois a tua presença é constante e o encanto nunca se perde.



quarta-feira, 5 de maio de 2010

Emagrecer (para vidas gordas e vidas magras, cheias e vazias)

Emagrece o teu corpo;
Emagrece a tua mente;
Emagrece o teu espírito;
Emagrece as tuas expectativas;
Emagrece o teu mundo;
Emagrece o teu coração;
Emagrece porque tás gorda, gorda na vida dos outros, gorda de tudo. Emagrece e engorda os olhos dos que te rodeiam. Emagrece para não ocupares espaço, emagrece para ninguém dar por ti. Emagrece porque há quem queira.
Emagreçam todos caralho, qualquer dia desapareço! E tu, tu engorda! Engorda a minha vida, deixa-a com obesidade mórbida porque gordura é formosura.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

De que adiantam totós da sorte
Ou pulseiras de desejos,
Se eu prefiro a morte
A viver sem os teus beijos?

Explica-me a ânsia pelo toque,
Nesse amor de cerveja
Que já não há quem sufoque.

Doença alguma causaria tal dor,
Cura desta me ensinara
A nunca mais chamar-lhe amor.

És um fetiche, e o resto que se lixe xD

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Vamos para a praia?

Vamos pois, agora mesmo! Com um calor destes a apimentar-me o sangue não quero estar no meio da cidade com o cheiro a gasolina a queimar-me as narinas. Quero areia, mar, sol e quero-te a ti. Vamos para a praia, só nós dois para que eu possa admirar sozinha a beleza do teu corpo sem ninguém interferir e para que eu possa esculpir na tua cara o olhar que me deitas entretanto. Não temos carta, nem carro, apenas bolsos vazios, mas temo-nos um ao outro e um papel de publicidade barata que eu vou usar para fazer um aviãozinho que nos vai levar até ao desejo mais profundo que nos sufoca. Um aviãozinho de papel que nos vai levar até à praia quente onde nem o cheiro do mar eu vou sentir porque o teu não vai deixar e onde nem a minha mão vai tocar a areia porque a tua pele me impedirá, mas não faz mal, de que me interessava a praia sem ti? Nada, entre nós a praia era apenas mais um cenário no meio de outros tantos nos quais já contracenamos. Espero que esta peça tenha um final mais feliz que as outras. :)

sábado, 10 de abril de 2010

Já alguma vez morreste? Já alguma vez te sentiste morto? Morto pelo tempo. O tempo em que ficas à espera que algo de especial aconteça na tua vida e que faça com que as cinzas dela se tornem carvão e ardam numa chama jovem da qual apenas podes esperar que nunca se apague. Uma chama que arde conforme lhe apetece e que se apaga ao seu próprio ritmo, não há água que lhe chegue.
Já alguma vez partiste alguma coisa? Eu já. Não foi uma perna, nem um braço, nenhum osso, foi algo mole, muito mole mesmo...tão mole que qualquer um pode chegar e apertar à sua vontade como uma bola anti-stress até que me doa, mas não foi qualquer um. Apesar de mole, parte-se como um copo de vidro, do qual para mim sobra sempre apenas um caco, um caco pesado que penduro ao pescoço todos os dias e suporto sem me queixar. Um caco que me corta o peito de todas as vezes que tropeço e caio. Um caco a partir do qual tenho que construir um novo copo sem ajuda de ninguém, não por falta dela, apenas a dispenso porque sei que não ia valer de nada o esforço dos outros quando o único esforço em causa tem que ser o meu. E o copo há-de crescer com a referida chama e há-de solidificar esperando nunca mais voltar a partir.

sexta-feira, 2 de abril de 2010


29 de Janeiro de 2010

Brilho

Passo as noites deste meu Inverno em claro, a ouvir a chuva. Cada gota que oiço cair nas telhas alaranjadas sob o meu quarto me faz lembrar um gesto teu, e, não sei como nem porquê, a cada vez que chove torrencialmente tento imaginar todos os gestos que ficaram por te roubar em cada gota que cai, mas nem essas gotas chegam. São apenas gotas. Gotas que acabaram por desaparecer ao primeiro raio de sol que viste brilhar. Raio esse que não brilhava no meu céu apagado pelas estrelas de uma eterna noite gélida que ainda brilham à espera que dias de Verão viessem e acabassem com a minha era glaciar, pois já percebi que grande era o brilho do raio que apanhaste e pequeno era o brilho da minha noite que nunca conseguiu iluminar-te o coração.

Pedras

Pedras no caminho?

- Guardo-as. Para um dia vou construir o meu castelo e ser a princesa do príncipe que eu quiser.

-Guardo-as. Um dia com elas vou construir o muro que me vai proteger de quem me faz mal.

-Guardo-as. Nunca se sabe quem poderá precisar de levar com uma na testa não é?


E pedras no sapato?

Essas hei-de sempre ter, por mais que os tire e tente limpá-los sobra sempre uma pequena pedra, nunca nada estará como devia estar.