domingo, 24 de outubro de 2010


Tem piada quando nos vêm parar cenas deste género ao prato

Às vezes há partes da nossa vida que simplesmente se cortam. Não porque pedimos ou porque quisemos, simplesmente acontece e não há mais nada a fazer. Somos obrigados a ceder à vontade do outro inquestionavelmente.
Há partes grandes e partes pequenas, outras que quando cortadas passam a insignificantes, tudo depende das circunstâncias, do que se diz, do olhar que te mandam, do que te fizeram (a ti e aos que amas) e daquilo que calam ou das contas que ficam por ajustar.
Há partes que se deixam arrastar pela rotina e acabam por se perder no caminho, outras que se arrastam na rotina porque nos fazem felizes e queremos mantê-las para todo o sempre, mas as coisas mudam como nas teorias científicas, lenta e gradualmente e nem sempre damos conta disso. Num dia o tempo pode estar solarengo, no dia seguinte já estão a chover facas no escuro e pensamos "o que devia ter eu dito mais para isto não estar assim agora?"- nada, poderia ser pior. E então fica a bruxa a rir-se e a Alice perdida no País das Maravilhas outra vez, solta pelo destino dentro. E é ele que assume o comando agora, lentamente como sempre...até a bomba relógio se lembrar de rebentar e a tua lãmpada finalmente acender. E agora?

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Sabes lá tu em que eu toquei,
Sabes lá tu o que eu sofri,
Sabes lá tu o que eu chorei.
Sabes lá tu o que eu senti,
Sabes lá tu o quanto me ri.
Sabes lá tu porque já nem eu sei.

domingo, 10 de outubro de 2010

Perdida

Não sei de todo
O que me põe mais doente,
Se o coração no lodo
Ou a amiga que mente.

Continuo em tom de passeio,
Vejo a estrada correr pelos olhos
Consciente do que me é alheio
Prevendo sofrimento aos molhos.

Cambaleando em busca de um porto,
Perdida à deriva,
Passeando uma alma pouco viva
Num corpo já morto.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Estou tão cansada, tão farta e tão zangada, zangada comigo mesma. Podes fazer as piores coisas do mundo contra mim, tirar tudo o que tenho de bom e me mantém viva, dizeres o que quiseres, que eu vou continuar a adorar-te, a pôr-te num pedestal que por muito baixo que seja há-de ser sempre alto demais para ti e odiar-me a mim própria cada vez mais e mais...
Sou como um carro com as rodas tortas que só anda em marcha atrás, preciso sempre que me ponham direita, me indiquem o caminho (nem que eu não dê ouvidos) e me esperem na meta.
Acho que o meu problema é excesso de imaginação e indecisão- sou capaz de ver todos caminhos possíveis a seguir sem saber qual escolher com medo do fim da estrada, por isso, sinto-me sempre necessidade de ter quem me ature.
Sou estranha a mim mesma, a minha personalidade muda consoante tenha uma borbulha na testa ou não, alguém a chatiar, a melhor companhia ou a pior de todas, a auto-estima a 0 ou a 100, a puta da mania em alta ou não, posso até ser o clone que sempre quiseste, mas não por influência.
Às vezes nem sei do que gosto ou desgosto, mas consigo perceber que existem milhentas coisas que eu gostaria mudar na minha vida e em tudo aquilo que faço. Gostava de ser fria, deixar de sofrer (não só por antecipação como dizem que faço) e de não errar ou ir na conversa do lobo mau pois sei que mais tarde ela se resume a uma enorme vontade de desaparecer para sempre. Sou capaz de filtrar tudo o que digo e tudo o que oiço para não cair em tal desgraça.
Tenho uma visão distorcida do mundo, e sou capaz até de o ver aos corações e isso ensinou-me a caminhar de pé atrás e a olhar para todos os lados, todos os dias, com toda a gente.
Estou cansada de não haver mais nada a fazer em relação a mim e feliz por ter comigo os que tenho.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Às vezes penso como o Gandhi- somos apenas pedras que cá vieram parar sem saber como nem porquê, bem como tudo aquilo que inventamos.
O que aqui fazemos não pode ser nem considerado pequeno pois não passa de insignificante. E é verdade- tudo o que fazemos é pequeno demais para estar à vista das estrelas, já elas são grandes, grandes demais para os nossos olhos e gigantes á nossa capacidade de compreensão.
Queremos conhecer tudo o que não está ao nosso alcance e de maior que há, sem descobrir antes quais são essas pequenas coisas que nos tiram o sono quando ele nos faz falta.
Deixemos então tudo na medida certa. Se somos seres pequenos, preocupemo-nos então com as nossas pequenas grandes coisas...estas manias dos humanos dão cabo de mim! Mas quem se acha mais feliz por saber todos os algarismos do pi ou por conhecer toooodos os elementos da tabela periódica? Ninguém, espero eu...a felicidade diferencia-se das mais pequenas coisas que vêm de dentro e que tantas vezes não compreendemos e colamos nas estrelas á espera que caiam.
Somos pequenos demais para este mundo e grandes demais para uma só vida.